sábado, 27 de junho de 2015

Imagem da semana VI


Pintura Elizabeth R, por Brenda Burke, inspirado nos valores femininos do período do romantismo, onde as mulheres eram castas, puras, educadas, inocentes e delicadas.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Mitologia grega: As nereidas


Nereu era um deus marinho mais antigo que Poseidon. Descrito como um velho pacato, justo, benévolo e sábio, ele representava a calma e a serenidade do mar. Descendente de Gaia e Pontos, seu reino era o Mar Egeu onde era conhecido por suas virtudes e sabedoria. Tinha o dom da profecia e a capacidade de mudar tanto a sua aparência quanto a de quem lhe pedia. 

Representado como um deus do mar com cabelos e barba longos carregando um tridente, Nereu casou-se com Dóris que era uma das filhas de Oceano e Tétis. Ele foi o pai de Nerites e das muitas Nereidas que alguns autores citam quase 100. As Nereidas mais conhecidas eram Galatéia, Anfitrite e Tétis que era a mãe do herói Aquiles. Elas tinham belos cabelos longos entrelaçados por pérolas e cruzavam os mares sobre os golfinhos ou sobre os cavalos marinhos. 

  Sempre ditas como belas e sempre portando uma coroa feita de corais do mar. Faziam parte do cortejo de Poseidon, o deus dos mares, junto com os Tritões que eram a personificação masculina das sereias. Veneradas como ninfas do mar, gentis e generosas, elas estavam sempre de prontidão para ajudar os marinheiros em perigo no Mar Egeu. Personificavam as ondas e, por sua beleza e vaidade, costumavam dominar o coração e a fantasia de muitos homens
  Sua beleza fez com que muitos as confundam com as sereias que eram encantadoras, porem eram metade mulher e metade peixes e precisavam cantar para conquistar os homens. Elas eram ninfas e como as outras podiam enfeitiçar os homens apenas chamando-os pelo nome. Muitas vezes, podiam causar paixão nos marinheiros que salvavam.

 Entre as varias versões, dizem que morram em uma caverna prateada com seus pais e seu irmão. Nerites era provavelmente o único menino, pois nenhum outro foi citado pelos autores gregos como filho de Nereu e Doris, era também um dos diversos amantes de Afrodite, a deusa do amor que quando o convidou para viver com ela na morada dos deuses ele recusou e foi transformado em uma concha ou molusco pela própria deusa
  Entre essas ninfas estava Anfitrite, poderosa esposa de Poseidon, Tétis, mãe do herói grego Aquiles.
Outras menos conhecidas deram a luz a diversos reis, deuses e semi-deuses e acredita-se que Dione, conhecida como uma das esposas ou amantes de Zeus teria dado a luz a própria Afrodite, mas outras versões dizem que ela nem mesmo era filha de Nereu e Doris.
  Apesar de serem conhecidas como bondosas , um episodio que encheu a imaginação de muitos gregos antigos foi a seguinte:


Certa vez a rainha Cassiopeia do Reino da Etiópia, uma mulher excessivamente presunçosa, ousou se vangloriar que sua filha Andrômeda era mais bonita do que as filhas do deus Nereu. As Nereidas sentiram-se ofendidas pela arrogância da rainha e pediram a Poseidon que punisse a rainha e seu reino. Em resposta ao apelo das Nereidas, Poseidon enviou um monstro marinho chamado Cethus para atacar o reino da Etiópia.

Desesperado o Rei Cepheus consultou o oráculo para saber o que poderia fazer para livrar-se do monstro. O oráculo predisse que ele deveria oferecer sua belíssima filha em sacrifício ao monstro do mar e assim a princesa Andrômeda foi acorrentada em um rochedo na costa do Mediterrâneo.

Esperando que fosse devorada pelo monstro, Andrômeda gritou por socorro. Ouvindo seus gritos, o herói Perseu que retornava de sua jornada em busca da Medusa foi socorrê-la. Quem olhasse os olhos da górgona Medusa era transformado em pedra. Então ele derrotou o monstro mostrando os olhos da górgona e transformou o monstro Cethus em corais, os adornos preferidos das Nereidas para os seus cabelos.

Essa historia foi a única sobre a raiva das sereias e foi por muitos gregos considerado uma lição sobre a importância da autoimagem para os mortais e imortais.
  Essas ninfas não eram deusas, mas sim seres elementais as vezes consideradas deusas menores por algumas serem casadas com deuses. Conquistaram a alma de poetas de diversos períodos influenciados pelo helenismo. A seguir, esta o poema Al son de Nereidas de Rebeca Ruiz Riveroll, traduzido por mim:

Ao som de Nereidas

Dionisio me consola de aquele que envia meu caminho a Hades
Zeus tudo pode
leva ate ao mar
com Poseidon quero jogar
e entre sátiros bailar uma dança
lentamente sem despertar de minha amada almofada
vamos semear nos cabelos redemoinhos de cefiros:
encantador de minhas noites
titiritero de mim
resplendor de minha face
-voz de Apolo-Ele é para mim?
o ciume de Hefesto marca seu corpo
quero ser sua Afrodite e nascer aonde nasce o homem
as nereidas sao as culpadas de despertar, necessidade que padeço
ele esta embaixo do mar, atras das montanhas, sentado em minha cadeira
vou bailar ao som das da Nereidas
Vamos mover-nos lentamente
e, se ela desperta
qual o problema!






sábado, 20 de junho de 2015

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Frederico, o principe de Gales que nunca foi rei, epilogo

Frederico, príncipe de Gales. Não encontrei o pintor.

  Como vimos, ele nunca foi rei, brigou com o pai para se manter na sucessão, mas jamais chegou a passar de herdeiro da tripla coroa. Mas agora lhe respondo a pergunta: O que aconteceu depois de sua morte ? 
  Sua esposa era agora uma viúva de trinta e dois anos de aparência jovem e que estava disposta a criar seus filhos. O rei George II tentou tira-los para que os criasse, mas ela não lhes entregou, mostrando que a briga entre o rei e o príncipe iria continuar na pessoa da esposa do ultimo. Mas logo sua reputação foi por agua a baixo e com ela o príncipe foi esquecido, os rumores diziam que tinha um relacionamento amoroso com John Stuart, conde de Bute e tutor dos filhos do falecido. Muitos historiadores concordam que era uma grande mentira iniciada por línguas viperinas da época, mas todos acreditavam nessas línguas que a insultavam e lhe causaram uma pressão psicológica que a acompanharia ate o fim de seus dias.
  Sua descendencia não foi o que esperava, teve três filhos que durante sua vida foram fracos e doentes, eles eram Elizabeth, Luísa e Frederico. Apesar de nenhum de seus filhos ter morrido na infância, muitos morreram na adolescencia. Elizabeth morreu em 4 de setembro de 1759, aos 18 anos, de uma doença inflamatória intestinal, Luísa morreu em 13 de maio de 1768,aos 19 anos, sem que se saiba a causa, Frederico morreu em 29 de dezembro de 1765, também de causa desconhecida, aos 15 anos. Ate seu segundo varão, Eduardo de Gales que se tornou almirante e duque de Iorque e Albany, morreu solteiro e sem descendencia aos 28 anos. 
  De seus filhos sobreviventes, Henrique se tornou duque de Cumberland, casou-se, mas não teve filhos. Seu irmão Guilherme se tornou duque de Gloucester e também se casou, teve filhos, mas não netos, sua descendencia veio de uma provável filha bastada nunca legitimada que não se saba se era mesmo sua filha.
  Porem, sua primogênita, Augusta Charlotte, se casou com Carlos Guilherme Fernando de Brunswick-Wolfenbüttel e entre seus filhos alem do sucessor de seu esposo, teve a mãe do primeiro rei de Württemberg e Carolina de Brunswick, consorte do rei George IV da Grã-Bretanha. 
  Sua filha póstuma, Carolina Matilde, se casou com o rei Cristiano VII da Dinamarca, um homem infiel e mentalmente instável pela qual não sentia nada, ela daria a luz a dois filhos, o futuro rei Frederico VI e Luísa Augusta. Ela foi acusada de ser infiel com o esposo, traindo-o com o medico real, Johann Friedrich Struensee, é um mistério se ela o traiu ou não, mas nesse mesmo ano nasceu essa segunda filha que ficou conhecida pelos seus inimigos e pela população dinamarquesa como Madame Struensee, mas o rei a aceitou como sua filha sem que se saiba de nenhuma suspeita.
  Mas seu maior legado e que o fez ter descendencia ate os dias de hoje foi seu primeiro varão, George se tornou príncipe de Gales e duque de Rothesay, mas em 1760 com a morte de George II, subiu ao trono como George III. Dando a Frederico o legado de pai de um rei que mudou as rédeas da historia britânica.


sábado, 13 de junho de 2015

Imagem da semana IV

As Três Graças, de Rafael Sanzio. Feito no período renascentista, fala de divindades gregas que influenciavam os artistas.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Frederico, o principe de Gales que nunca foi rei, parte II

Augusta, princesa de Gales e duquesa de Rothesay, esposa de Frederico.

  O mais impressionante dessa historia é que normalmente os reis não odiavam seus herdeiros, na verdade eles os adoravam e as vezes demonstravam amar mais o herdeiro presumível do que aos outros filhos. Luís, delfim da França herdeiro de Luís XV, casado pela segunda vez com sua consorte Maria Josefa da Polônia e Saxônia demonstravam amar mais seu filho mais velho e herdeiro do pai, Luís, duque de Borgonha do que seus outros filhos. No final os três iriam morrer e o rei seria Luís XVI que muitos historiadores acreditam ter uma doença psicológica que o fez perder a personalidade devido a esse favoritismo e passou o resto de sua vida tentando imitar o irmão mais velho, morto aos 10 anos de idade.
  Mas os primeiros reis da dinastia de Hanôver eram uma exceção em tanto. George I detestava o filho que detestava o filho, algo que parece normal nos tempos atuais nas famílias comuns, mas nem um pouco elegante e normal para as famílias reais do seculo XVIII.
  Mas voltemos agora para a historia do príncipe no ano de 1737, já se fazia um ano que Frederico estava casado com Augusta de Saxe-Gota Altemburgo e ela demostrou-se não apenas uma ótima esposa como uma moça fértil, não tinha nem dezessete anos quando engravidou.
  Em 31 de julho de 1737, a princesa sofreu as primeiras dores do parto, logo Frederico recebeu a noticia de que seus pais estavam a caminho de Champton Court ver o nascimento da criança. Naquela época era normal que alguns súditos vissem a rainha ou uma das princesas dando a luz aos filhos, era uma maneira de garantir que a prole não houvesse sido trocada para esconder o nascimento de uma menina ou um natimorto.
  Mas Frederico não estava disposto a deixar seus pais terem o gostinho de ver o nascimento de seu primeiro herdeiro, então ele mandou seus criados tirarem-na da cama e moveram-se de carruagem para o palácio de Saint James o que era uma curta distancia, mas a rapidez com que se moveram a fez passar mal. Quando George II e Carolina chegaram em Champton Court ficaram furiosos e foram atrás do filho odiado, pois sabiam que sem testemunhas todos iriam suspeitas caso nascesse um varão saudável. Quando chegaram, ficaram felizes ao saber que era uma menina e não muito saudável como comprovam alguns historiadores. Mas houve uma certa irritação por parte dos reis que logo depois souberam que a menininha iria se chamar- por escolha de seu pai e sem a opinião dos avos monarcas da criança como era normal,- Augusta Charlotte.
  Agora Frederico tinha seu herdeiro, mesmo sendo femea fazia com que Guilherme Augusto ficassem não mais em segundo, mas sim em terceiro na linha de sucessão.

Frederico, príncipe de Gales e duque de Rothesay.

  Nesse mesmo ano de 1737, a rainha Carolina caiu doente, provavelmente por problemas no útero e Frederico tentou falar com ela, não se sabe bem o motivo, mas provavelmente por algum tipo de culpa por causa do ocorrido no nascimento de sua filha, mas a rainha se negou a recebe-lo. Dizem-se que ela pediu a George II que ele se casasse de novo e ele disse que não, que somente teria amantes como teve em vida de Carolina e que ela nunca havia se importado, ela lhe disse: 'Oh, Deus! Isso não o impede'. Ela morreu em 20 de novembro de 1737 e antes, quando seu esposo proibiu o príncipe de Gales de entrar ela lhe agradeceu e disse-lhe: Afinal,"haverá algo reconfortante quando meus olhos ficarem fechados eternamente e eu não terei de ver com eles o monstro nunca mais", foi o ultimo comentário de rejeição visceral ao primogênito feito por ela. A rainha Carolina poderia ter se dado bem com o filho se tivesse tentado conhece-lo, ela era muito mais inteligente que o conjugue e era uma avida leitora educada pelo primeiro rei da Prússia, assim como ela, ele era aficionado em estudos científicos e musica, mas odiou a musica que Handel compôs para o seu casamento, pois detestava claramente os elementos teutônicos da corte paterna.
    Em 1738, um ano apos o nascimento de Augusta Charlotte, a princesa de Gales deu a luz a um segundo filho em 4 de junho de 1738, dessa vez não precisaram se esconder, pois a criança nasceu muito antes da data prevista. A surpresa foi tanta quando a corte soube do nascimento, alem de outro detalhe: era um menino. Isso significava que o príncipe não tinha mais Augusta Charlotte como herdeira, mas sim seu primeiro varão. A criança podia ser o que fosse, mas era doente, todos pensavam que o pequenino não sobreviveriam e estavam prontos para o pior, mas o menino sobreviveu e foi batizado com o nome de George, mas o próprio pai da criança disse que não foi em homenagem ao seu pai, mas ao seu avo George I que ele tanto adorava, o nome completo seria George Guilherme Frederico de Hanôver, conhecido na época como George de Gales.
  Enquanto isso ocorria, ele aproveitava seu tempo e seu cargo para usufruir das artes e da botânica. Era mecenas de grandes artistas estrangeiros como o italiano Jacopo Amigoni, o belga Jean-Baptiste van Loo, o francês Joseph Goupy e os ingleses Philip Mercier e John Wooton. Na musica, como já foi dito, ele era contra os elementos teutônicos da corte de seus pais que apoiavam Handel que apesar de ser alemão foi naturalizado inglês. Frederico apoiava a opera inimiga dele, o Lincoln's Inn Fields. Mas devido as brigas entre pai e filho, Frederico e Augusta foram expulsos da corte no mesmo ano e começaram a viver em Leicester House a partir da morte da rainha e iam para Londres, morando na Cliveden House sempre que ela ia dar a luz o um filho, agora ela era a mulher mais importante da Grã-Bretanha. Os artistas frequentavam essa casa em Londres quase que todos os dias da semana enquanto o casal estava nela. 
    Frederico e Augusta buscavam apoiar os artista, intelectuais e músicos e foi em uma dessas visitas que James Thomson, poeta e dramaturgo escosses escreveu o hino Rule Britannia, isso pode-se dizer que é irônico no minimo, porque os escoceses tinham uma certa raiva pelos ingleses, pois os reis davam mais importância a eles do que a qualquer outro pais da tripla coroa e esse canção é uma das mais patrióticas da época e falava somente da Inglaterra. Esse hino pertencia a obra épica Alfred que foi apresentada pela primeira vez justamente na Cliveden House.
   Ele tambem deu muito valor aos esportes, começou a jogar cricket como ja foi dito para agradar aos futuros súditos, mas gostou do jogo e pretendia aumentar a posição deste. Em 1731 ele pretendia criar sua própria equipe de cricket e fazer campeonatos públicos na Grã-Bretanha. Infelizmente, o plano nunca sairia do planejamento, mas ele realmente teve sua equipe.
   Outro feito foi a criação dos jardins de Kew e a Kew House com a ajuda do arquiteto e paisagista Sir William Chambers. Seriam famosas as reformas que Augusta fez na casa logo apos a viuvez.    Esse jardim era um imenso jardim botânico que jamais deixou de atrair a curiosidade dos visitantes ano apos ano. A propriedade era um presente para Augusta, mas estaria pronta somente em 1757.                             
        Frederico, por Bulstrode Peachey Knight.         

  A vida conjugal de Frederico estava ótima. Em 1739, sua esposa deu a luz a Eduardo Augusto. Em 1740, nasceu Elizabeth. em 1744 surgiu Guilherme Henrique. Dois anos depois, em 1746, Henrique.    Em 1749 nasce Luísa. E em 1750 nasce o pequeno Frederico.
  Frederico era um pai atencioso e procurava cuidar dos filhos, a Grã-Bretanha inteira que quase o venerava via com bons olhos a descendencia do herdeiro, pois os últimos Stuarts tiveram enormes dificuldades na sucessão e também porque seus filhos nasceram no reino e todos falavam e eram educados em inglês, o príncipe George era o primeiro herdeiro presuntivo apos seu pai na linha de sucessão a nascer na Grã-Bretanha, rompendo assim com todas as rixas entre os Hanôver e a preferência pelo eleitorado. Mas o que mais impressionava a todos era o fatos de que nenhuma das proles sucumbiu a infância, o que não era normal naquela época.
  Logo apos o nascimento de Frederico, Augusta engravidou pela nona vez. A família havia sido expulsa da corte logo apos o nascimento de George e o rei George II se negava a pagar uma pensão para a família, o que Frederico dizia ter pleno direito por ser o futuro rei, graças a isso a maior parte do dinheiro foi usada para a Kew House e para as despesas da família. A Grã-Bretanha, Irlanda e Hanôver mal podiam esperar para que ele fosse rei, e ele também, não aguentava mais o pai tentando deserda-lo e estava pronto para ser rei a muito tempo, tinha quase 45 anos e nenhuma coroa lhe decorava a cabeça, queria ser monarca e transformar Augusta em sua rainha consorte, George no príncipe de Gales e duque de Rothesay e Augusta Charlotte na princesa real, seus outros filhos seriam príncipes britânicos legítimos da dinastia.
  Nesse momento ocorre uma reviravolta em sua vida. Uma bola em um jogo de cricket acertou sua cabeça e causou-lhe uma hemorragia terrível que foi agravada por uma doença pulmonar. Frederico Luís de Hanôver morreu no dia 31 de março de 1751 com apenas 44 anos, deixando uma viúva de 32 anos gravida, 8 filhos já nascidos e a sua posição de herdeiro da coroa de dois reinos e um eleitorado. Três meses depois, Augusta daria a luz a Carolina Matilde, filha póstuma do falecido. O destino estava decidido, nunca mais seria rei, nem eleitor, nem príncipe de Gales, nem duque de Rothesay, seria mais um esquecido da historia, lembrado apenas por aqueles que procuram saber sobre as monarquias europeias, esses percebem sua importância e reconhecem que teve uma historia como a de qualquer outro e sofreu por isso.
A princesa viúva e seus filhos, no sentido horário temos: Eduardo, George, Augusta Charlotte, a princesa Augusta com a filha póstuma Carolina Matilde, Elizabeth, Luísa,(embaixo) Frederico, Guilherme e Henrique, no fundo tem uma pintura de Frederico. Provavelmente, o quadro foi feito pela própria Augusta. 



 CONTINUA NO EPILOGO...


sábado, 6 de junho de 2015

Imagem da semana III

  Sofia Doroteia, duquesa de Brunsvique-Luneburgo, esposa repudiada de George I da Gra-Bretanha e mae de George II e de Sofia Doroteia,rainha consorte da Prussia.

Frederico, o principe de Gales que nunca foi rei, parte I.

Frederico, príncipe de Gales e Hanôver, duque Rothesay.

  Essa historia é trágica. Ela é sobre um príncipe, mas esse não se casa com uma linda princesa e vive feliz para sempre, esse tem briga familiares, isolamento, rejeição e o pior, sonhos frustrados. Uma verdadeira prova de que mesmo a família real tem dificuldades de ser feliz.
  Frederico Luís de Hanôver nasceu no dia 1 de fevereiro de 1707 no palácio de Herrenhausen, Eleitorado de Hanôver, filho de George de Hanover e Carolina de Brandenburgo-Ansbach. Naquela época, seu avo,outro George, era apenas eleitor de Hanôver, mas era herdeiro do trono da Inglaterra, Escócia e Irlanda que seria transformada em Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda naquele ano, estava apenas atras da herdeira Sofia, eleitora consorte de Hanôver e mãe de George. Agora, ela precisava esperar a morte da rainha e fundadora da Grã-Bretanha, Ana I.
  O eleitor passava por vários problemas com a família antes do nascimento do pequeno. Sua esposa foi Sofia Doroteia de Brunsvique-Luneburgo que foi repudiada por ele apos ser descoberto seu provável caso com o conde sueco e aventureiro Philip Christoph von Königsmarck, por isso ela ficou presa no castelo a Ahlden,em Celle(o que a fez ficar conhecida como Sofia Doroteia de Celle), mas talvez as cartas usadas para incrimina-la fossem falsas. Com isso, seu filho também chamado George o odiava, pois o arrancou de sua mãe por adultério, mas mostrava-se sempre em sua corte com sua concubina Melusine de Schulenburgo com quem teve tres filhas bastardas , mas o maior motivo foi o seu casamento.
  Sua esposa era Carolina de Brandenburgo-Ansbach, considerada uma das mais bonitas de sua época, ela já havia sido pedida em casamento pelo arquiduque Carlos de Habsburgo, futuro Carlos VI da Áustria, Imperador do Sacro Império romano-Germânico, rei da Hungria, Boemia e Croácia, mas, na epoca,não passava de um arquiduque na época sem a menor chance de ser rei e em luta constante com Felipe V para ter a trono da Espanha. Então seus pais a casaram com George que era o segundo na linha de sucesso ao trono da Grã-Bretanha e do eleitorado, por isso era considerado melhor na ocasião. Acontece que ela era muito ambiciosa e queria que seu marido fosse rei antes do pai, assim ela apoiou muitas rebeldias do esposo contra o pai e tentativas de governar o eleitorado pelo menos.
  Então seu nascimento foi maravilhoso para essa família em problemas,mas por pouco tempo. Acontece que o eleitor George iria adorar o seu neto e logo ele seria o centro das atenções e como o príncipe herdeiro odiava tudo o que o pai fazia logo ele e sua consorte teriam nojo do próprio filho. Isso geraria conflitos entre pai e filho devido ao favoritismo que o eleitor George dava ao proprio neto.
  Logo ele teria irmas, estas não trariam problemas entre o pai e o avo, essas eram: Ana(em homenagem a Ana I), Amelia e Carolina. Todas nasceram com dois anos de diferença uma da outras e obviamente estavam na linha de sucessão, isso faria aumentar a proposta de casamentos para elas e sua irma Ana estaria na lista de possíveis noivas do rei Luís XV. Futuramente, Amelia seria uma pretendente a mão do filho de sua tia Sofia Doroteia, o futuro rei Frederico II da Prússia.
  
Ana, Amelia e Carolina,as irmas de Frederico.
  
  As brigas familiares iriam continuar entre os Hanôver no eleitorado, mas no ano de 1714 a eleitora viúva de Hanôver, Sofia, estava passeando em seus jardins quando pegou uma pancada de chuva e ao encontrar abrigo iria morrer, agora George era o herdeiro presunsivo do trono  e o outro George era o segundo na linha de sucessão. No mesmo ano a rainha Ana I iria morrer de gota aos 44 anos sem deixar filhos. Então, George se tornou o novo rei da Grã-Bretanha como George I e o primeiro monarca pertencente a dinastia de Hanôver.


George I da Grã-Bretanha e Hanôver, avo de Frederico.

Agora o pai de Frederico era o príncipe de Gales e Carolina era sua princesa consorte. Mesmo os Georges se odiando, o novo rei convidou o filho para sair de Hanôver e ir para a Inglaterra e que levasse a esposa e as filhas, mas não Frederico. Ele queria que o seu netinho ficasse la e o representasse em Hanôver, assim o príncipe George começou a se desgostar do filho que era agora mais importante que ele para a dinastia, era o representante do rei. O único problema é que tinha, apenas 7 anos de idade, então teria pessoas que governassem enquanto não alcançava a maioridade, mas ainda era o representante da Casa de Hanôver. Provavelmente, a relação entre Frederico e o pai seria um pouco melhor se o rei George I não tivesse feito isso, mas sem duvida, continuaria sendo fria.
  Na Grã-Bretanha, George e Carolina se instalaram com suas filhas no palácio de Saint James e enquanto brigavam com o rei tiveram outros quatro filhos: George( que morreu com apenas três meses), Guilherme Augusto, Maria e Luísa. A morte do pequeno George seria sentida com pesar pelo casal, eles iriam cuidar de seus filhos e seria nessa época que mostrariam um certo favoritismo pelo príncipe Guilherme Augusto, o que iria ser crucial para a historia de Frederico, os conjugues também iriam ignorar o primogênito como filho e pessoa, para eles o príncipe era um grande estranho, seria pouco falado na família dos príncipes de Gales e seria apelidado de Griff, uma referencia ao grifo, ou seja, seus pais o comparavam com uma besta. Quando se falava dele era com total frieza de espirito e esquecendo-se de que se tratava do sucessor do príncipe George na linha de sucessão ao trono.            Enquanto isso, Frederico estava no Eleitorado de Hanôver e não poderia sair ate que seu avo morresse, pois seria nescessario no reino como príncipe de Gales, mas agora não era muito útil na Grã-Bretanha quanto era para Hanôver e governar Hanôver não era difícil, pois ele não a governava de fato, ela ainda era de George I, mas precisava de alguem para participar das reuniões do Conselho e demais atividades que exigiam um eleitor presente. O próprio rei ficava mais tempo no eleitorado do que no reino em que era monarca o que levou o descontentamento da populaça britânica, alem de corresponder-se com o neto freqüentemente. Alem do mais, precisava ter uma esmerada educação, já que um dia iria se tornar rei e graças a isso teve uma ótima educação, principalmente em musica e na pintura na qual aprendeu a tocar violoncelo e a pintar e seria um grande apoiante de muitos compositores e pintores no futuro. Outros estudos envolviam as matérias normais para um rei.
  As brigas entre o rei e o príncipe de Gales iriam continuar pelo motivo do rei ter  levado sua amante  sua amante, Melusine,para o reino e a ter nomeado duquesa de Kendall. Essa situação só melhoraria em 1721 quando Sir Robert Walpole , com a ajuda da princesa Carolina, tentou reconciliar pai e filho. Ele se tornou primeiro-ministro, mas conseguiu o descontentamento do príncipe George. No final tudo seria em vão, pois mesmo assim eles tiveram pequenas briga ate o ano de 1727, quando George I morreu em Hanôver em 11 de junho, para o enorme descontentamento dos hanoverianos e alegria para os britânicos.
  Agora, o príncipe George é o rei George II e Carolina, sua consorte. E Frederico podia voltar.
 Rei George II da Grã-Bretanha e Hanôver  e Carolina de Brandenburgo-Ansbach, pais de Frederico.

  Ao chegar no reino, aos 20 anos, era um completo estranho para toda a família, os únicos irmãos que conheciam eram as princesas Ana(agora princesa real), Amelia e Carolina e seus pais lhe eram estranhos, assim como todo o reino e todos os habitantes dele. Não foi com alegria que George II lhe deu os títulos de príncipe de Gales(título do príncipe herdeiro da Inglaterra) e duque de Rothesay(título do príncipe herdeiro da Escócia) ele queria que seu herdeiro fosse Guilherme Augusto que continuava sendo o favorito indiscutível do casal.
  Agora, inicia-se uma nova guerra na família, o rei começa a brigar com o filho que ele sem a menor duvida odeia e não esconde seu desgosto.De fato, Frederico não tinha nada contra seus pais,mas eles queriam seu irmão como herdeiro e não gostaram de vê-lo como representante dos Hanôver, isso abriu uma brecha nas relações entre eles. Se o pai odeia o filho, a mãe não poderia ser menos, ela continuava a chama-lo de griff e falava comentários maliciosos contra ele. O cortesão Lord Hervey,que era avido em fofocas palacianas, escreveu que em uma ocasião Carolina disse "Nosso primogênito é o maior asno, o maior mentiroso, o maior canalha e a maior besta do mundo, assim desejo de todo o meu coração que ele morra".
   Frederico iria lembrar-se do rei George I e sua reputação como amado pelos hanoverianos e odiado pelos britânicos e que seu pai não era mais popular na Grã-Bretanha, então decidiu se "anglicanizar-se" totalmente, aprendeu a jogar cricket(um jogo muito popular na época entre os britânicos) e o tênis, apoiou os pintores e músicos britânicos, alem das ciências, principalmente a botânica e aprendeu a falar inglês. Com isso, a população o adorava, pois não era como os seus parentes, como George I que viajava demais para Hanôver e não conseguia falar o inglês ou como George II que tinha um carregadissimo sotaque alemão que o fazia ridículo ao falar inglês, o próprio príncipe ria ao ouvir seu pai falar essa lingua.
  Logo criou um grupo de amigos que eram cortesanos que não conseguiam agradar o rei e por isso se união ao príncipe, esperando conseguir prestigio no reinado deste. Esse grupo crescia rapidamente com o passar do tempo, ele era a sensação do momento e sua popularidade crescia como espuma a cada semana e todos mal podiam esperar para ele se tornar rei.
  O fato de Guilherme Augusto ter recebido o título de Duque de Cumberland só mostrava mais o favoritismo e a intenção de torna-lo herdeiro, então, Frederico decidiu mante-lo longe da sucessão do  único jeito possível, se casando. Ele e sua pequenina corte queriam manter o filho favorito do rei o mais longe possível do trono e seus pais sabiam que o dever do príncipe de Gales e Duque de Rothesay era se casar e ter descendencia para chegar ao trono com sucessores e acabaram ficando relutantes com isso, queriam Guilherme Augusto como rei.
Guilherme Augusto, príncipe do Reino Unido e Duque de Cumberland

  Mas, logo viram que não tinham escolha e que o preferido nunca seria rei, preparariam Guilherme Augusto para a carreira militar e ele iria comandar o exercito britânico na Guerra dos Sete Anos.
  Ao invés de escolher entre as melhores princesas de reinos alemães e ducados, como todos os outros Hanovers, Carolina procurou entre as piores princesas protestantes de ducados insignificantes com pouquíssimo sangue azul e nenhuma chance de herdarem algo. A escolhida foi Augusta de Saxe-Gotha Altemburgo (mais conhecida como Augusta de Saxe-Coburgo Gota), era uma menina de 16 anos, tímida e que não falava nada em inglês. Eles se casaram em 8 de maio de 1736, ele já tinha 28 anos.
Augusta de Saxe-Gotha Altemburgo, princesa de Gales e duquesa de Rothesay.

  Ela, por ser tímida iria ficar um pouco distante do circulo de amigos do esposo, mas ela queria ser amada por ele e começou a ser-lhe atenciosa e demonstrar afeto,afinal, era seu conjugue.Como os cortesanos de Frederico eram seus amigos por puro interesse, ele sentiu que ela lhe dava um amor que ninguém jamais o deu e que seus pais negligenciavam, entao ficaria completamente apaixonado por ela a ponto de logo aparecerem os primeiros sinais de uma gravidez.

  Continua...







segunda-feira, 1 de junho de 2015

A importancia da imagetica para as dinastias europeias

Ana de Cleves, quarta esposa do rei Henrique VIII da Inglaterra, por Hans Holbein. Essa pintura seria um exemplo de imagética da monarquia.

 Considerada a pintura mais infame da historia britânica,pode-se considerar estranho o pintor desse quadro não ter sido decapitado na época, Seu criador,Hans Holbein,foi para o ducado de Cleves para fazer um retrato da filha do duque que estava como candidata para consorte do rei.Ele havia perdido sua terceira esposa quando esta deu a luz ao filho Eduardo Tudor,futuro rei Eduardo VI. Triste por perder a única mulher que lhe realizou o sonho de ter um varão,ficou viúvo e sem esposa por 3 anos e todos imaginavam que ele não voltaria a se casar,mas ele precisava de um segundo menino para garantir a sucessão.Ao verem candidatas,viram que a melhor era Ana de Cleves,pois era jovem.Então, o nosso Holbein foi para la.
 Ver Ana foi espantoso,sua roupa não tinha decote,nem era fácil ver curvas ou um pescoço,estava toda coberta pelo vestido e a coifa não mostrava nem mesmo a raiz do cabelo,havia ouro e pedras preciosas em toda a parte da vestimenta,mal via-se o rosto. O pior de tudo isso foi que tudo era considerado ridículo, nem a recata Jane Seymor,a falecida esposa do nosso rei mulherengo,vestia-se daquele jeito.E tudo que podia ver na princesa de Cleves era feio,o nariz grande,olhos que eram ditos sem graça e a tez era considerada escura para uma época em que o branco translúcido era a cor de pele ideal feminina.
 O rei iria se apaixonar por ela através da pintura e odiá-la ao ver a verdadeira aparência da noiva,mas acabariam se casando e meses depois se divorciariam,ela se tornaria sua amiga depois e a mais esperta das esposas dele ao aceitar o divorcio vendo que poderia terminar no cadafalso, logo depois,mudou de estilo ,isso agradou tanto ao rei que circulavam rumores de que ele pensava em se divorciar de Catarina Howard para voltar com ela.
  Podemos ver que Ana não era feia,mas que ela foi retratada do jeito que foi por pura imagética.


  Uma pessoa que causava escândalos devido a imagética foi a rainha da França Maria Antonieta, a pintura ao lado chamada La reine en Gaulle, de Elizabeth Vigee- Le Brun mostra uma mulher que passava por uma fase idílica, com um chapéu da palha com aba grande, uma flor nas mãos e outras atrás e um vestido de musselina denominada chemise foi um escândalo. Por muito tempo ela vestiu-se de maneira pomposa, vestidos de anaguas enormes, detalhes perfeitos, com enormes babados e laços, sem contar os poufs que não podiam ser mais volumosos, agora ela estava em uma fase totalmente contraria que diferente do imaginado não alegrou a ninguém.
  Ela parecia uma pastora, antes era culpada de esbanjar o dinheiro dos cofres franceses (o que era mentira), agora era culpada de ridicularizar a realeza da França, comparando-a com o terceiro estado da França.Ela com certeza não era muito boa em imagética.


Ela tentou resolver isso e a mesma pintora acabou por       

retratar Maria Antonieta no quadro ao lado,  La reine en rose, uma versão do quadro polemico. Nesse ela aparece com seu penteado pomposo e um vestido um pouco mais simples que os que ela normalmente usava, agora sem o vestido de musselina que foi considerado muito tranparente e colado que passava dos limites do mau gosto.
 Mas foi tarde demais,desde suas amigas como a princesa de a princesa de Lamballe, ate suas inimigas como Madame du Barry seguiam esse estilo de pastora.

 Mas por que era estranho ela se vestir assim? Porque a imagética dos reis era diferente na época. Sendo assim isso era visto como uma provação, afinal,onde estava o luxo da realeza francesa?Corrigindo:Onde estava o luxo de qualquer realeza?
 A imagética dos reis era sempre baseada no luxo e na amostra de poder e riqueza misturada com elementos simbólicos da época vivida.

Cristiano VII da Dinamarca, por um pintor anonimo.



Nesse imagem de Cristiano VII da Dinamarca podemos ver essa imagética monárquica perfeitamente. O cetro e a coroa são símbolos de que ele reina, não de que esse quadro homenageia sua coroação, normalmente, nos retratos de coroação o monarca esta com a corroa em sua cabeça e muitas vezes sentado em seu trono. A pintura mostra o rei usando muitas jóias, ouro, prata e tecidos finos ricamente bordados mostrando todo o seu esplendor, o rosto nas pinturas não sempre fielmente retratado pelo pintor, que tenta amenizar os traços e esbranquiçar as mulheres e fortifica- los nos homens, deixando-os mais afeminados ou mais másculos a pedido do cliente. Obviamente, o que mais da um impacto da pintura de um monarca é o manto com pele de arminho. A pelagem desse animalzinho é marrom no verão e branca com um pedaço preto na cauda durante o inverno, dizem que ele prefere morrer a sujar os pelos, então usar um mantos desses significa morrer a perder a honra.

Os monarcas levavam isso muito a serio e roupas com arminho e bastões de comando eram muitos usados, alem disso havia os capacetes de cavaleiros, que apareciam em retratos de reis e nobres para mostrar sua bravura e que tinham poder militar, mas muitos não eram nem metade do que vemos.
Marquesa de Pompadour como Vênus, por Boucher


 Na renascença começaram a colocar seres e deuses mitologicos nas pinturas, fazendo-se alegorias que indicavam algo sobre a pessoa retratada,por exemplo: Minerva é a deusa romana da sabedoria e erudição, então a pessoa retratada em um quadro onde ela também aparece quer mostrar que é inteligente. As amantes reais de muitos reis franceses eram comparadas com Vênus, a deusa do amor, mas Henrique II da França decidiu comparar sua amante, Diana de Poitiers com Diana, a deusa da caça e da lua, que era uma das três deusas virgens, mostrando mais como a viúva que era do que como uma amante. Logo depois veio a moda de não estar perto dessas divindades, mas ser elas, pinturas com mulheres de trajes greco-romanos ou totalmente nuas, rodeadas de flores e segurando objetos com seu respectivo simbolismo ficavam comuns entre as damas, ate as rainhas fizeram suas pinturas com essa imagética, Maria de Medici, esposa de Henrique IV da França e Navara foi retratada como Minerva para mostrar sua inteligencia que a tornou regente, Marie-Anne de Mailly Nesle, amante de Luís XV, foi retratada normalmente como Aurora ou Hebe. Isso os comparava com deuses e mostravam seu poder sobre seus domínios, reafirmando sua autoridade.
Francisca Maria ou François Marie de Bourbon, por Pierre Mignard.


Retrato equestre de Carlos II da Espanha ainda criança, por Sebastian Herrera Barnuevo.

  Temos aqui duas crianças retratadas com esse recurso, mas por razoes diferentes. A filha de Luís XIV e a Marquesa de Montespan não era a filha mais bonita desses amantes, pode parecer estranho ao ver suas pinturas, mas é claro que não iriam retrata-la como realmente era, mas podemos dizer que tinha uma boa aparência, pois seus pais eram ditos como muito belos. Acontece que a filha mais bonita do rei era Ana Maria, primeira Mademoiselle de Blois, filha de sua antiga amante, Luísa de La Valiere.
  Sua mãe geralmente ignorava seus filhos, e ainda mais a ela por não ser bonita, então esse rostinho angelical foi puro retoque do pintor e talvez ate os cachinhos poderiam ter sido retocados para parecerem mais sedosos e brilhantes. A vestimenta romana e a paisagem foram usadas para dar um toque divino a pintura e combinar com a delicadeza do movimento da bastarda.
  Já em Carlos II a situação acaba sendo mais complicada. Ele era fruto de endogamia, uma deformação no corpo causada pelos casamentos entre parentes de grau próximo, por isso ele era deformado, tinha problemas de coordenação motora, dificuldades para ter filhos e tinha problemas psicológicos e essa pintura era para mostrar o contrario. Com um bastão de comando e montado em um cavalo ele parecia um rei criança da época e ainda por cima não estava com o rosto deformado que realmente tinha era um jogo brilhante. Com isso, sua mãe e regente Mariana da Áustria estava tentando mostrar para a Europa que o rei da Espanha era uma criança forte que seria um ótimo monarca no futuro, mas não era bem assim, ele só aprenderia a falar aos 4 anos e andar aos 8 anos, então ele não poderia andar a cavalo. Então podemos ver que a primeira é embelezada para melhorar os traços e a segunda para modificar completamente a impressão que se tem sobre o rei.

Dom João VI de Portugal e sua consorte Carlota Joaquina da Espanha, por  Manoel Dias de Oliveira.

  Dom João VI entra sempre no imaginário popular de todos os brasileiro que gostam de historia da mesma maneira, como um rei gordo, medroso, sem vaidade, sem força para tomar decisões e que governou a maior parte do tempo como regente, não rei. Carlota Joaquina não poderia ser uma antítese maior do que já é, era inteligente, decidida, gananciosa, maquiavelica e que sonhava governar em seu próprio direito. Era a filha mais velha de Carlos IV da Espanha, por isso foi herdeira ate o dia em que nasceu o primeiro varão, que entrou em sua frente na sucessão. O que mais sabemos sobre eles (alem de sua fuga para o Brasil em 1808) é que tiveram um relacionamento horrível, nenhum dos lados se amava ela não tinha o menor respeito por ele, não conseguia nem disfarçar um pouco de amor por seu marido, por isso Carlota Joaquina o traiu, e o pior: tentou destrona-lo, muitas foram a suas tramas, a mais famosa foi a que convenceu seu filho favorito Dom Miguel a destronar o pai e torna-la sua regente, no Brasil, ela tentou ser coroada rainha da Argentina e ser coroada em Buenos Aires, jamais funcionaram e ela nunca pode controlar nada.
  Essa pintura com ambos de mãos dadas é para convencer o observador de que eles eram um casal amoroso e que se davam bem e, provavelmente, ameniza os traços masculinos da rainha adultera que tinha fama de ter um rosto considerado horrível (alguns a afirmar que ela tinha bigode).
  Isso era comum a muitos seculos antes desse retrato. Maria I e Felipe II fizeram o mesmo e o casamento deles também não tinha amor, apenas respeito um pelo outro. Maria da Inglaterra, irmã favorita de Henrique VIII, e o seu segundo esposo Charles Brandon, Duque de Suffolk, esse casamento foi um dos poucos que podemos dizer que foi ótimo, pois foi por amor.




Voltemos agora para a Era Tudor, em seu inicio, Henrique VII estava tentando convencer o reino sobre a sua legitimidade no trono ao lembrar que era descendente de João de Gaunt, quarto filho de Eduardo III e Filipa de Hainault, apesar de o ser por parte dos bastardos. Para isso ele precisava mostrar isso para ter mais poder e ser benquisto pelo povo e mostrar que sua nova dinastia era uma mistura da das dinastias Iorque e Lancaster (Ele conseguiu apoio dos Iorquistas ao se casar com a princesa Elizabeth de Iorque), ele conseguiu isso ao mostrar em seus quadros segurando a rosa Tudor. Uma mistura da rosa vermelha dos Lancaster e branca dos Iorques para mostrar sua pretendencia ao trono, logo sua esposa iria posar ao seu lado com a rosa branca de sua dinastia ele com a rosa vermelha, decorado de rosas vermelhas e brancas. Uma perfeita combinação que mostrava que a coroa esta na cabeça da pessoa certa.
  Podemos ver que o governo de um rei pode ser denominado pela imagética que ele trás e que não só eles como todos os nobres faziam isso, ate as amantes dos reis.
  De volta ao seculo XXI, podemos imaginar que esse controle pela imagem não existe mais, mas a criação do Photo Shop acabou provando o contrario, com a diferença de que o simbolismo hoje em dia é inexistente. O mundo desde o inicio da civilização nos força a criar uma imagem de superior ou semelhante, os monarcas precisavam parecer superiores, então chamavam os pintores e pediam para que os pintassem, pena que não eram copias exatas, mas apenas uma versão do que são com o que gostariam que fossem.